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POLÍTICA NACIONAL

Debatedores defendem fortalecimento do ensino profissional no novo ensino médio

Em audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura (CE) na tarde desta quinta-feira (18), especialistas em educação pediram o fortalecimento do ensino profissionalizante dentro do projeto de lei para reforma do novo ensino médio (PL 5.230/2023). A senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), relatora da proposta, foi quem apresentou o requerimento para a audiência (REQ 24/2024) e dirigiu a reunião. Outro debate sobre o assunto foi promovido na terça-feira (16).

O projeto de lei é uma alternativa apresentada pelo governo para substituir o novo ensino médio (NEM), instituído por lei em 2017 (Lei 13.415), mas cujas regras só começaram a ser aplicadas em 2022. Em 2023, o modelo foi suspenso pela Ministério da Educação para reavaliação, após críticas da comunidade escolar e especialistas. O PL 5.230 foi aprovado em março pela Câmara e agora está em análise no Senado. 

— Um dos nossos maiores desafios é fugir das falhas do modelo de 2017, como a ausência de apoio do Ministério da Educação aos estados — registrou a relatora.

A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, lamentou o fato de muitos debatedores não conhecerem a realidade das escolas públicas do país. Para ela, o modelo atual incentiva a exclusão, quando deveria ter o propósito de combater as diferenças sociais. Jade entregou à senadora Professora Dorinha uma publicação com sugestões de melhorias no NEM. 

— A realidade do projeto do novo ensino médio precisa estar alinhada à realidade do jovem brasileiro e ao futuro que queremos — afirmou Jade Beatriz. 

Educação profissional

A coordenadora da Câmara de Ensino do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Luzia Matos, destacou o fato de que o governo procurou, ao longo de 2023, ouvir vários setores da sociedade sobre o ensino médio. Ela disse que a iniciativa é positiva, mas apontou que há espaços para melhorar o projeto. Luzia Matos afirmou que o ensino técnico e profissional é fundamental para a inclusão social. Segundo ela, o novo ensino médio deve ser visto como uma agenda prioritária para o país.

— O que nós observamos é a ausência de um modelo de ensino médio para o desenvolvimento do país. Com este projeto, temos esta oportunidade — destacou Luzia Matos.

Para o coordenador-geral do Movimento Profissão Docente, Haroldo Rocha, o projeto já melhorou bastante, embora ainda existam pontos que mereçam um olhar mais cuidadoso. Ele sugeriu um pacto nacional para a expansão do ensino integral e pediu atenção com a formação dos professores e com o ensino profissionalizante.

— Pesquisas mostram que o jovem quer o ensino profissionalizante para sua vida. Não é que o projeto vai ser perfeito, mas tudo pode ser aperfeiçoado ao longo do tempo — afirmou Rocha.

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O diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi), Rafael Lucchesi, elogiou a possibilidade de flexibilidade e de formação técnica e profissional no novo ensino médio. Segundo Lucchesi, quase 80% dos jovens não vão para a faculdade; daí a importância do ensino técnico. Para o diretor do Sesi, é fundamental dedicar mais horas ao ensino profissionalizante dentro do projeto do ensino médio. Ele também defendeu um bônus para o aluno que concluir o ensino médio com ênfase no ensino técnico.

— Fazer um ensino médio que avance na educação técnica e profissionalizante é uma grande conquista para a sociedade brasileira. É importante ter atenção com a juventude. Precisamos ter uma visão de futuro e discutir a educação como um projeto de país — registrou Lucchesi.

Já o presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede), Ricardo Tonassi Souto, defendeu, entre outros pontos, a manutenção, no texto do projeto, da possibilidade de certificações técnicas intermediárias.

Carga horária e financiamento

Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Monica Ribeiro manifestou preocupação com os processos seletivos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em sua visão, os processos seletivos deveriam recair somente sobre a formação geral básica, por conta da diversidade das 27 unidades da Federação.

O projeto em análise recompõe a carga horária dessa formação geral, prevista em 2,4 mil horas — uma das principais mudanças reivindicadas por especialistas e movimentos ligados à educação. No atual NEM, a carga mínima na formação geral é de 1,8 mil horas, somados os três anos. A complementação da carga horária total, de 3 mil horas anuais, é feita em itinerários formativos, que são aprofundamentos em áreas de conhecimento ou em educação profissional.

Para a professora Monica, essa ampliação da carga horária para a formação geral básica é um dos pontos mais importantes do projeto. Ela ressaltou que esse ponto colabora com a diminuição da desigualdade na educação.

— Não podemos roubar da nossa juventude mais pobre o sonho de ingressar no ensino superior — registrou.

Mônica Ribeiro pediu também a atenção dos senadores para a educação profissional e técnica de qualidade. Ela alertou para o subfinanciamento enfrentado pela educação no Brasil e lembrou que países citados como modelos no ensino profissionalizante investem muito mais do que aqui. A Alemanha, por exemplo, destina US$ 12 mil dólares por aluno ao ano, enquanto no Brasil esse investimento não chega a US$ 3 mil, afirmou.

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Flexibilidade

O coordenador do Colégio de Assessores Pedagógicos da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) e representante do Fórum Brasileiro da Educação Particular, Pedro Flexa Ribeiro, defendeu a importância da reforma do ensino médio. Para ele, o foco do debate deveria ser a base curricular e a possibilidade da flexibilização. Ribeiro disse que, com base na flexibilidade, as escolas têm mais liberdade para inovar e serem relevantes para os jovens brasileiros.

— Não é mantendo o currículo que nos formou que vamos formar as próximas gerações. É um momento que temos que enfrentar — afirmou, pedindo ainda uma reflexão sobre o modelo do Enem.

Para o diretor de Políticas Públicas do movimento Todos pela Educação (TPE), Gabriel Barreto Corrêa, o texto em discussão no Senado representa um grande avanço em relação ao modelo original. Ele sugeriu uma discussão mais profunda sobre o modelo de compensação de horas da formação geral básica e sobre as metas de expansão de matrículas em tempo integral

O diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Rubens Campos de Lacerda Júnior, e o gerente de Articulação do Movimento pela Base, João Paulo Cêpa, também participaram da audiência.

Votação em maio

Depois de passar pela Comissão de Educação, o PL 5.230 deve seguir diretamente para o Plenário. Em entrevista após a audiência pública desta quinta, a senadora Professora Dorinha Seabra afirmou que a expectativa é votar o projeto em maio no Senado. 

A relatora contou que continua recebendo sugestões para a reforma do NEM e que segue trabalhando no aperfeiçoamento do texto aprovado na Câmara dos Deputados. Nesta semana, por exemplo, a senadora recebeu 14 embaixadores que defendem a manutenção, no projeto, da obrigatoriedade do ensino do espanhol nos currículos. 

Interatividade

A audiência pública foi promovida de forma interativa. Por meio do Portal e-Cidadania, internautas enviaram críticas e sugestões sobre o novo ensino médio. Professora Dorinha destacou algumas dessas mensagens.

O internauta identificado como Vítor, do Rio de Janeiro, disse que a educação deve ser vista como norteadora para o desenvolvimento das carreiras dos alunos. Para Guilherme, de São Paulo, o aumento da carga horária não deveria representar um obstáculo para o aprendizado. Já Selma, de São Paulo, lamentou o fato de o modelo atual ter dispensado matérias como a filosofia.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

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POLÍTICA NACIONAL

Lula sanciona lei que altera tabela do Imposto de Renda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (1º) a manutenção da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia. Durante ato de centrais sindicais, em celebração ao Dia do Trabalhador, em São Paulo, Lula disse que “não haverá desoneração para favorecer os mais ricos”.

No fim do ano passado, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei da desoneração que prorroga, até 2027, a troca da contribuição previdenciária – correspondente a 20% da folha de pagamento – por uma alíquota entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta de empresas de 17 setores da economia. O projeto também cortou de 20% para 8% a alíquota das contribuições ao INSS por parte dos municípios com até 156 mil habitantes.

“A gente faz desoneração quando o povo pobre, ganha quando o trabalhador ganha, mas fazer desoneração sem que eles sequer se comprometam a gerar um emprego, sem que eles sequer se comprometam a dar garantia para quem está trabalhando. Eu quero dizer que no nosso país não haverá desoneração para favorecer os mais ricos e sim para favorecer aqueles que trabalham e que vivem de salário”, disse Lula.

O presidente Lula vetou o projeto, mas o Congresso derrubou o veto ainda em dezembro do ano passado, mantendo o benefício às empresas. Para Lula, a medida não garante a geração de empregos e não pode haver desoneração da folha de pagamento de empresas sem contrapartida aos trabalhadores.

A desoneração da folha de pagamento tem impacto de cerca de R$ 9 bilhões por ano à Previdência Social. A ajuda aos pequenos municípios fará o governo deixar de arrecadar R$ 10 bilhões por ano.

O governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal e a ação tem o placar de 5 a 0 na Corte para suspender a desoneração. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é preciso encontrar um caminho para evitar prejuízos à Previdência Social. “A receita da Previdência é sagrada para pagar os aposentados. Não dá para brincar com essa coisa”, disse nessa semana.

Imposto de Renda

Durante o ato com trabalhadores em São Paulo, Lula sancionou o Projeto de Lei nº 81/2024 que corrige a tabela do Imposto de Renda, aumentando a isenção para quem recebe até dois salários mínimos por mês. Ele reafirmou a promessa de, até o fim do seu mandato em 2026, aprovar a isenção do pagamento do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

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“Esse país vai tratar com muito respeito 203 milhões de homens e mulheres que moram nesse país. A economia brasileira já voltou a crescer, o salário já voltou a crescer, o imposto de renda eu prometi para vocês que até o final do meu mandato, até R$ 5 mil as pessoas não pagarão imposto de renda. E estou dizendo para vocês a palavra continua em pé”, disse, destacando a articulação dos seus ministros com o Congresso Nacional na aprovação de medidas de interesse do governo.

“Foi assim que nós fizemos, pela primeira vez no momento de democracia, a reforma tributária em que a gente vai despenalizar a pessoa de classe média que paga muito e fazer com que o muito rico paga um pouco do Imposto de Renda nesse país porque só o pobre é que paga. Nessa proposta de Imposto de Renda todo o alimento da cesta básica será desonerado e não terá Imposto de Renda sobre comida do povo trabalhador desse país”, acrescentou.

Ainda, Lula assinou o decreto de promulgação da Convenção e Recomendação sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos.

Ato esvaziado

O ato em São Paulo foi realizado no estacionamento da Neo Química Arena (estádio do Corinthians), na zona leste da capital paulista. Pela primeira vez, a celebração deixou de ser realizada na região central da cidade, no conhecido Vale do Anhangabaú.

Durante seu discurso, Lula comentou sobre o esvaziamento do evento e cobrou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, responsável pela articulação do governo com os movimentos sociais.

“Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele, ‘Márcio, o ato está mal convocado, nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’. Mas, de qualquer forma, eu estou acostumado a falar com mil, com 1 milhão, mas também, se for necessário, eu falo apenas com uma senhora maravilhosa que está ali na minha frente”, disse Lula.

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Pelo sexto ano seguido, os atos políticos do Dia do Trabalhador em todo o país são organizados, de forma unificada, pelas centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB e Intersindical Central da Classe Trabalhadora. Shows e apresentações culturais também fazem parte da programação.

“Sob o tema Por um Brasil mais Justo, o 1º de Maio 2024 será um dia de celebração e reflexão para levar a toda a população brasileira a luta do movimento sindical em defesa da classe trabalhadora”, informou a CUT. Entre as pautas das entidades estão emprego decente, correção da tabela de Imposto de Renda, juros mais baixos, valorização do serviço e dos servidores públicos, igualdade salarial e aposentadoria digna.

Campanha eleitoral

Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) esteve presente no ato do Dia do Trabalhador ao lado do presidente Lula, que pediu votos para o aliado nas eleições municipais de outubro deste ano. “Eu vou fazer um apelo, cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, em 98, em 2006, em 2010, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”, disse o presidente.

“Esse jovem, ele está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo. Ele está disputando com o nosso adversário nacional, ele está disputando contra o nosso adversário estadual e ele está disputando contra o nosso adversário municipal. Ele está enfrentando três adversários. E, por isso, eu quero dizer para vocês, ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições”, acrescentou Lula.

Antes do evento, o presidente Lula visitou o Estádio do Corinthians, recebido pelo presidente do clube, Augusto Melo, e pelos ex-jogadores Basílio, Edilson e Zé Maria. A previsão é que Lula retorne para Brasília ainda na tarde desta quarta-feira.

Fonte: EBC Política Nacional

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